Entre sol, garoa e clássicos imortais, o Monsters of Rock 2025 prova que a paixão pelo metal segue mais viva do que nunca.
Três décadas se passaram desde a primeira edição do Monsters of Rock no Brasil, mas a paixão dos fãs pelo festival segue tão intensa quanto naqueles primeiros anos. No sábado, 19 de abril de 2025, o Allianz Parque, em São Paulo, se transformou novamente no epicentro do Rock e do Metal mundial, reunindo lendas consagradas, shows memoráveis e momentos que vão ficar para sempre na memória dos presentes.
Sob um sol forte que, depois, deu lugar a uma garoa tipicamente paulistana, sete bandas de peso se revezaram no palco com pontualidade exemplar e som de altíssima qualidade. A maratona de mais de dez horas de música contou com performances para todos os gostos: do Metal Melódico cheio de energia do Stratovarius, passando pela complexidade sonora do Metal Progressivo do Opeth, o poder vocal do Queensrÿche, o mais que aguardado retorno do Savatage, a avalanche de hits do Europe, o espetáculo metalizado do Judas Priest e, fechando com chave de ouro, o lendário Scorpions, entregando uma aula de como se dominar um grande palco.
O público, que desde cedo já lotava as arquibancadas e a pista, mostrou uma energia incansável — cantando refrões, formando rodas de mosh e transformando o Allianz Parque em um verdadeiro templo do Rock. Mesmo com as condições climáticas desafiadoras no final do dia, o espírito de celebração tomou conta do festival, provando que o Monsters of Rock é mais do que um evento: é uma experiência geracional capaz de unir fãs novos e veteranos em torno de uma mesma paixão.
A edição de 30 anos também teve um clima especial de homenagem e reconhecimento: entre telões que exibiam tributos a músicos que já partiram, discursos emocionados dos artistas e setlists recheados de clássicos, ficou claro que este foi mais do que um festival — foi um reencontro com a história.
Confira agora, em detalhes, como foram os shows que marcaram esse dia inesquecível para o rock no Brasil!
Stratovarius emociona e agita fãs na abertura do Monsters
Início do show: 11h30
O Allianz Parque ainda recebia seus primeiros fãs quando, pontualmente às 11h30, o Stratovarius subiu ao palco para abrir a histórica edição de 30 anos do Monsters of Rock Brasil. Sob um calor intenso, a banda finlandesa provou mais uma vez por que é um dos nomes mais respeitados do Metal Melódico mundial.
Esta apresentação foi especialmente significativa: era a primeira vez que o Stratovarius voltava ao Brasil desde 2019, quando se apresentou no Rockfest, em São Paulo. Desde então, a banda lançou o álbum “Survive” (2022), que marcou um novo capítulo em sua carreira, abordando temas de resiliência e superação — e que foi devidamente celebrado durante o show.
Logo de cara, abriram com “Forever Free”, que já colocou a plateia para cantar junto. Em seguida, a clássica “Eagleheart” incendiou ainda mais os ânimos, com o vocalista Timo Kotipelto mostrando que, apesar dos anos, sua voz continua impecável e poderosa. A sequência, com as faixas “World on Fire” e “Speed of Light”, trouxe um dinamismo incrível, com solos rápidos e sincronizados entre Matias Kupiainen (guitarra) e Jens Johansson (teclado).
Em “Paradise”, um dos maiores hits da banda, a sintonia entre público e músicos foi perfeita, com milhares de fãs erguendo os braços e acompanhando cada verso. Kotipelto, sempre carismático, agradeceu o carinho dos brasileiros e se mostrou surpreso com a quantidade de pessoas presentes tão cedo no festival.
O novo álbum foi representado por “Survive”, cuja execução ao vivo mostrou toda a força que a faixa ganhou em cima do palco, com destaque para a bateria pulsante de Rolf Pilve. A balada épica “Eternity” emocionou os fãs mais antigos, criando um momento mágico de comunhão entre banda e plateia.
A reta final veio carregada de clássicos absolutos: “Black Diamond”, com seu riff inconfundível e a introdução marcante de teclado, provocou um dos momentos mais altos do show. Em “Unbreakable”, lançada na década passada mas já consolidada como favorita dos fãs, a banda mostrou vigor juvenil.
Fechando a apresentação com chave de ouro, “Hunting High and Low” transformou o Allianz num imenso coral, coroando uma performance que, embora matinal, teve energia de headliner. Timo se despediu visivelmente emocionado, prometendo não demorar tanto para voltar ao Brasil — e deixando uma sensação geral de que o dia do Monsters começaria de maneira inesquecível.
Setlist completo:
- Forever Free
- Eagleheart
- World on Fire
- Speed of Light
- Paradise
- Survive
- Eternity
- Black Diamond
- Unbreakable
- Hunting High and Low
Com novo álbum na bagagem e clássicos no setlist, Opeth conquista o público brasileiro em mais uma performance memorável
Entre riffs complexos e tempos quebrados, até o ProgMetal do Opeth virou trilha sonora para moshes eletrizantes no Allianz Parque
Início do show: 12h55
O relógio marcava 12h55 quando o Opeth tomou o palco do Allianz Parque, sob um calor implacável que não intimidou nem a banda nem o público já numeroso. O som limpo e poderoso anunciou que seria um show especial, e foi exatamente isso que a banda sueca entregou: uma aula de peso, técnica e sofisticação musical.
Esta foi a primeira vez que o Opeth voltou ao Brasil desde 2022, quando excursionaram com a turnê do álbum “In Cauda Venenum”. Agora, em 2025, a banda vinha promovendo seu recém-lançado trabalho, “The Last Will & Testament”, um disco que consolidou ainda mais a identidade progressiva e atmosférica que Mikael Åkerfeldt e companhia vêm desenvolvendo há anos.
A apresentação começou de maneira explosiva com “Master’s Apprentices”, faixa pesada e densa do clássico Deliverance (2002), que rapidamente colocou a plateia em estado de êxtase. Mikael Åkerfeldt, sempre espirituoso, brincou com o público logo após a primeira música, pedindo que todos “economizassem a voz” para os headliners da noite, arrancando gargalhadas gerais — ainda que ninguém estivesse disposto a obedecer.
Seguindo com material novo, tocaram “Forever Falls”, faixa do novo álbum, ainda fresca na memória dos fãs que acompanharam o lançamento. Apesar da novidade, a canção foi muito bem recebida, mostrando que o público brasileiro é realmente apaixonado pela banda em todas as suas fases.
O clima então mudou com a entrada de “In My Time of Need”, a bela e melancólica balada do disco “Damnation” (2003). Foi um dos momentos mais emocionantes do show, com Mikael entregando vocais carregados de sentimento, enquanto o Allianz Parque parecia mergulhado em uma atmosfera de introspecção coletiva.
A partir daí, a banda acelerou novamente com a poderosa “Ghost of Perdition”, trazendo de volta os guturais ferozes e as passagens progressivas de quebrar o pescoço. A execução impecável impressionou: cada riff, cada mudança de tempo era feita com precisão cirúrgica, sem perder a alma característica da banda.
“Sorceress”, uma das favoritas dos últimos anos, manteve a energia em alta, com destaque para a performance sólida do guitarrista Fredrik Åkesson e do baterista Waltteri Väyrynen, que fez sua estreia em solo brasileiro como membro oficial da banda.
Fechando a apresentação com chave de ouro, veio a épica “Deliverance”, com seus riffs pesados e complexos que atravessam mais de 13 minutos. A plateia se entregou completamente, seja nos moshes que se formaram nas pistas, seja nos headbangings sincronizados durante os riffs finais, culminando em aplausos calorosos e gritos de “Opeth, Opeth!” ecoando pelo estádio.
Antes de sair, Mikael agradeceu novamente e comentou sobre o carinho que a banda sente pelo Brasil, mencionando inclusive o fato curioso de que o primeiro baterista do Opeth, Anders Nordin, era brasileiro e adoraria ter vindo para o Brasil enquanto ele ainda fazia parte da banda, reforçando o elo cultural que os une ao país.
Setlist completo:
- Master’s Apprentices
- Forever Falls (nova)
- In My Time of Need
- Ghost of Perdition
- Sorceress
- Deliverance
Queensrÿche entrega performance intensa e nostálgica sob o calor do Monsters
Queensrÿche: volume no 11, agudos no máximo e metal na veia!
Início do show: 14h20
Já sob um calor quase sufocante em São Paulo, o Queensrÿche assumiu o palco do Monsters of Rock, trazendo consigo décadas de história e uma execução técnica simplesmente impecável. A banda americana, referência do Metal Progressivo e do Heavy Metal tradicional, provou que, mesmo tantos anos após seu auge comercial, sua música ainda soa atual e necessária.
Esta apresentação era aguardada com grande expectativa: o Queensrÿche não pisava em palcos brasileiros desde 2016, quando participou do Liberation Festival. Agora, com uma formação estável liderada por Todd La Torre — que substituiu de forma brilhante o vocalista original Geoff Tate —, a banda veio munida de um setlist que foi um verdadeiro presente para os fãs mais antigos.
Sem perder tempo, abriram o show com a explosiva “Queen of the Reich”, faixa do primeiro EP homônimo (1983), que imediatamente incendiou a plateia. No entanto, o volume extremamente alto, especialmente nas primeiras músicas, causou certo transtorno para o público que estava mais próximo do palco, gerando uma experiência auditiva desconfortável para quem buscava uma qualidade de som mais equilibrada. Ainda assim, Todd, com seu alcance vocal impressionante, recriou com maestria os agudos originais, demonstrando respeito e fidelidade à sonoridade clássica da banda.
Em seguida, “Operation: Mindcrime” — faixa-título do icônico álbum de 1988 — mergulhou o Allianz Parque num clima teatral, com o público entoando cada palavra da narrativa distópica. Era notável a qualidade de som que a banda trazia: enquanto nos primeiros minutos o volume estava extremamente alto, as equalizações foram corrigidas rapidamente, e o show transcorreu de maneira impecável.
“Walk in the Shadows” e “I Don’t Believe in Love” mantiveram o público em alta vibração, com muitos fãs claramente emocionados ao ver músicas tão importantes da história do metal progressivo ao vivo. A interação de Todd La Torre foi calorosa, constantemente agradecendo o público pelo apoio e pela energia que emanava da plateia.
A sequência com “Warning” — um clássico do álbum The Warning (1984) — e “The Needle Lies”, outra poderosa faixa do Operation: Mindcrime, mostrou o peso e a velocidade característicos do som da banda nos anos 80, mas também ressaltou como o Queensrÿche atual conseguiu preservar a energia juvenil sem soar datado.
Durante “The Mission”, que entrou como um dos momentos mais dramáticos do show, a performance de La Torre foi comovente, destacando a intensidade da composição e da história que permeia o álbum conceitual. Logo depois, com “Nightrider”, a banda fez uma visita ainda mais profunda às raízes, trazendo riffs rápidos e vocais que desafiaram a lógica física sob o calor da tarde.
Já “Take Hold of the Flame” foi um dos momentos mais épicos, com a plateia entoando o refrão em uníssono, transformando o Allianz em uma arena de paixão pura. A sequência com “Empire”, faixa-título do álbum de 1990 que levou a banda ao mainstream, trouxe uma pegada mais direta e forte, levantando ainda mais o público.
“Screaming in Digital” adicionou um elemento futurista e sombrio à apresentação, explorando os sons experimentais que o Queensrÿche começou a introduzir no final dos anos 80, mantendo a diversidade sonora como marca registrada do show.
Fechando com chave de ouro, “Eyes of a Stranger” foi recebida com entusiasmo absoluto. Toda a multidão, mesmo aqueles que estavam menos familiarizados com a história da banda, reconheceu o clássico e se entregou na cantoria. A banda se despediu agradecendo repetidamente e prometendo não demorar tanto para retornar ao Brasil.
Foi uma apresentação que, ao mesmo tempo em que celebrou a nostalgia, reafirmou a relevância do Queensrÿche no cenário do metal mundial.
Setlist completo:
- Queen of the Reich
- Operation: Mindcrime
- Walk in the Shadows
- I Don’t Believe in Love
- Warning
- The Needle Lies
- The Mission
- Nightrider
- Take Hold of the Flame
- Empire
- Screaming in Digital
- Eyes of a Stranger
Savatage – a volta triunfante de uma lenda do Metal
Uma tarde de clássicos, emoção e um toque de caos no palco do Savatage
Início do show: 15h50
O Savatage, cuja última apresentação havia ocorrido em 2015, retornou aos palcos em 2025 com um show emocionante no Brasil. Desta vez, os vocais ficaram a cargo de Zak Stevens, que liderou a banda durante sua fase mais melódica e acessível nos anos 1990. A ausência de Jon Oliva, fundador e figura central do grupo, foi sentida, mas compreendida pelos fãs. Em 2023, Oliva sofreu um grave acidente que resultou em fraturas em três regiões da coluna vertebral, deixando-o com mobilidade reduzida e dificuldades para cantar. Posteriormente, foi diagnosticado com esclerose múltipla e doença de Ménière, condições que agravaram ainda mais sua saúde e o impediram de participar da turnê. Apesar dos desafios, Oliva apoiou integralmente o retorno da banda, incentivando os colegas a seguirem com os shows. O retorno ao Brasil, país onde o Savatage possui uma base de fãs apaixonada, foi marcado por grande expectativa e, felizmente, a banda não desapontou.
Com a abertura de “The Ocean”, o clima já foi de pura grandiosidade. A composição épica, com sua introdução melódica e pesada, criou a base para o que seria um show repleto de clássicos imortais da banda. Jon Oliva, ainda com sua característica presença de palco, foi a personificação do carisma, interagindo com o público e capturando cada emoção enquanto a banda seguia com uma performance impecável.
“City Beneath the Surface” trouxe uma introdução atmosférica antes de mergulharmos de cabeça nas músicas que marcaram a carreira do Savatage. A energia estava lá desde o início, com o público completamente entregando-se ao show. “Welcome”, com seu ritmo acelerado e riffs marcantes, foi um dos grandes momentos da apresentação, trazendo aquela sensação de estar de volta ao auge dos anos 80 e 90.
“Jesus Saves” trouxe a tensão e o peso característicos da banda, e o público estava em êxtase com a execução precisa da faixa. Não se pode esquecer que, durante o show, Jon Oliva fez questão de agradecer ao público pela acolhida e explicou como foi importante para ele e para o resto da banda esse retorno aos palcos, principalmente depois de tanto tempo afastados.
Durante “Sirens”, o público parecia não só cantar junto, mas viver intensamente cada nota da faixa que é um marco na história do metal. A conexão entre a banda e seus fãs estava clara, mas um incidente inusitado aconteceu durante “Another Way”: uma fã, aparentemente muito empolgada e provavelmente embriagada, invadiu o palco, tentando pular para o público. A segurança conseguiu retirá-la rapidamente, mas a situação causou um pequeno momento de tensão. Mesmo assim, o show continuou sem maiores problemas e Jon Oliva fez uma piada sobre a situação, dizendo que a fã queria “levar um pedaço do Savatage pra casa”. O humor de Oliva, como sempre, ajudou a descontrair a situação e manteve o ambiente leve.
A sequência de músicas continuou com uma energia impressionante. “The Wake of Magellan”, com seus arranjos grandiosos e letras profundas, trouxe uma verdadeira ovação dos fãs. “Strange Wings” e “Taunting Cobras” foram executadas com precisão, com a banda demonstrando uma técnica impressionante. A volta do Savatage foi claramente marcada pela habilidade dos músicos, que mostraram que, apesar dos anos de afastamento, a química da banda não havia se perdido.
Em “Turns to Me”, Jon Oliva e o público criaram um momento íntimo, com todos cantando juntos a letra, criando uma aura de união e celebração. E, claro, como esperado, “Dead Winter Dead” trouxe à tona toda a complexidade sonora e a teatralidade que o Savatage sabe proporcionar em suas performances. A música levou todos a uma jornada emocional e épica, mostrando a profundidade das composições da banda.
O show seguiu com “The Storm” e “Handful of Rain”, com o público vibrando a cada acorde. A sensação de que algo histórico estava acontecendo se intensificava, e não faltaram momentos de pura adrenalina.
“Chance”, que mescla poder e melancolia, levou a plateia a um dos momentos mais emotivos da apresentação. Jon Oliva, com sua voz inconfundível, foi um guia através dessa música cheia de nuances, que trouxe uma carga emocional para todos os presentes.
Na sequência, “This Is the Time” (1990) foi a canção que fechou aquele primeiro ciclo do show, trazendo uma nostalgia absoluta para os fãs que estavam presentes desde o começo da carreira da banda. Em seguida, foi a vez dos épicos “Gutter Ballet” e “Edge of Thorns”, dois dos maiores sucessos da banda, que foram tocados com maestria, deixando claro o porquê o Savatage é adorado por tantas gerações de fãs.
Um dos momentos mais curiosos do show aconteceu durante o solo de “Edge of Thorns”. Uma fã, muito empolgada com a performance, invadiu o palco querendo fazer o famoso “Stage Diving”. A invasão foi tão rápida que a banda, um pouco surpresa, deu boas gargalhadas, mas ninguém comentou sobre o acontecido. A fã foi rapidamente retirada do palco pela segurança, e a música seguiu normalmente, com a banda e o público continuando a se divertir no clima descontraído que o momento proporcionou. Foi um pequeno incidente, mas que se tornou um detalhe cômico e muito comentado posteriormente pelo público.
Quando “The Hourglass” começou, a plateia já estava completamente imersa na apresentação. Mas o grande momento de intensidade ainda estava por vir: a grande despedida do set veio com “Believe”, uma faixa que, apesar de ter sido gravada com partes pré-gravadas de Jon Oliva, foi interpretada com tanta paixão que fez todos se esquecerem da parte técnica, se entregando à emoção pura que só o Savatage sabe transmitir.
O bis foi triunfante, com “Power of the Night” e “Hall of the Mountain King” encerrando o show de maneira avassaladora. A execução de “Hall of the Mountain King”, com seus riffs grandiosos e velocidade vertiginosa, fez todos no Allianz Parque se entregarem totalmente, com a energia de cada nota levando os fãs à loucura. Não houve dúvida de que o retorno do Savatage aos palcos foi um dos pontos altos do festival.
Setlist:
- The Ocean
- City Beneath the Surface (introdução)
- Welcome
- Jesus Saves
- Sirens
- Another Way
- The Wake of Magellan
- Strange Wings
- Taunting Cobras
- Turns to Me
- Dead Winter Dead
- The Storm
- Handful of Rain
- Chance
- This Is the Time (1990)
- Gutter Ballet
- Edge of Thorns (com invasão de fã durante o solo)
- The Hourglass
- Believe (com partes pré-gravadas por Jon Oliva)
Bis:
- Power of the Night
- Hall of the Mountain King
Europe – carisma, clássicos e um show para todas as gerações
Misturando clássicos e novas sonoridades, Europe mostra que ainda domina grandes palcos com naturalidade
Início do show: 17h20
O Allianz Parque já dava ares de lotação quando o Europe subiu ao palco às 17h20, trazendo consigo uma bagagem de clássicos que atravessam gerações. A banda sueca, formada em 1979, é reconhecida por sua fusão única de Hard Rock Melódico e elementos progressivos, conquistando fãs ao redor do mundo.
Esta apresentação foi especialmente significativa, marcando o retorno da banda a São Paulo após sua última passagem em 2019. Com um repertório que mescla sucessos dos anos 80 com faixas mais recentes, o Europe demonstrou sua evolução musical sem perder a essência que o tornou uma lenda do rock.
A performance começou com a energética “On Broken Wings”, que imediatamente aqueceu o público. Seguiram com a clássica “Rock the Night”, levando os fãs a uma viagem nostálgica aos anos 80, época de seu auge.
“Walk the Earth”, título do álbum lançado em 2017, trouxe uma sonoridade mais moderna, mostrando a capacidade da banda de se reinventar. “Scream of Anger”, do álbum Wings of Tomorrow (1984), trouxe de volta o peso característico do início da carreira do Europe.
A balada “Sign of the Times”, do álbum Out of This World (1988), emocionou os presentes, com o público cantando junto cada verso. “Hold Your Head Up”, uma versão da clássica canção do Argent, foi executada com maestria, destacando a habilidade técnica dos músicos.
“Carrie”, talvez o maior sucesso da banda, fez todos no Allianz Parque cantarem em uníssono, criando um momento mágico de conexão entre banda e público. “Last Look at Eden”, do álbum homônimo de 2009, trouxe uma sonoridade épica, com arranjos orquestrais que encantaram os presentes.
“Ready or Not”, também do álbum Out of This World, manteve a energia alta, com solos de guitarra impressionantes e uma performance vocal impecável de Joey Tempest. “Superstitious”, também de Out of This World, foi acompanhada por um trecho de “No Woman, No Cry”, de Bob Marley & The Wailers, mostrando a versatilidade da banda.
O solo de bateria que precedeu “Cherokee”, do álbum The Final Countdown (1986), foi um dos pontos altos do show, com Ian Haugland demonstrando toda sua habilidade técnica.
Vale ressaltar, porém, que durante a execução de algumas faixas, especialmente “The Final Countdown”, o tecladista Mic Michaeli cometeu alguns erros em suas partes. Pequenos deslizes nas notas de teclados ficaram perceptíveis, algo que, embora não tenha sido notado por todos na hora, foi visível nas gravações posteriores. Isso causou um pequeno desconforto, mas não comprometeu a grandiosidade do show, visto que a performance geral da banda manteve o nível alto, com a interação entre os músicos e o público sendo sempre positiva.
O encerramento com “The Final Countdown” foi épico, com todos no Allianz Parque cantando junto, celebrando não apenas a música, mas também a história e a importância do Europe no cenário do rock mundial.
Setlist completo:
- On Broken Wings
- Rock the Night
- Walk the Earth
- Scream of Anger
- Sign of the Times
- Hold Your Head Up
- Carrie
- Last Look at Eden
- Ready or Not
- Superstitious (com trecho de “No Woman No Cry”, de Bob Marley & The Wailers)
- Cherokee (com solo de bateria)
- The Final Countdown
Entre escudos e hinos, Judas Priest prova que o tempo só reforça a lenda
Banda apresenta faixas do novo álbum “Invincible Shield” e celebra 50 anos de heavy metal em show arrebatador.
Início do show: 19h10
Quando as cortinas se abriram no Allianz Parque e revelaram os cinco integrantes do Judas Priest perfilados, a emoção foi imediata. O público, que já enchia o estádio em sua capacidade máxima, explodiu em gritos e aplausos, celebrando mais uma passagem da lendária banda pelo Brasil — agora com um gosto especial: a divulgação do novo álbum “Invincible Shield”, lançado no início de 2025.
Desde sua última vinda ao país, no Rock in Rio 2022, muita coisa mudou para o Judas Priest. Além do novo disco, que mostrou que a banda continua em plena forma criativa, a saúde de Rob Halford — que enfrentou desafios no passado — se mostrou impecável, em plenos 73 anos, com o vocalista entregando notas altas e presença de palco como nos velhos tempos.
O show começou com a pedrada “Panic Attack”, single do novo álbum, que já foi suficiente para incendiar o público em meio a revelação do bandeirão, em que os integrantes estavam agrupados no centro do palco, perto do baterista. Rob Halford, com sua clássica postura imponente e sua voz cortante, demonstrou que o título de “Metal God” segue muito bem justificado. O palco, extremamente bem produzido, contava com um gigantesco telão em altíssima definição exibindo imagens que variavam entre artes futuristas, chamas e homenagens aos álbuns clássicos da banda.
Na sequência, “You’ve Got Another Thing Comin’” trouxe todo o peso dos anos 80, com milhares de pessoas cantando em uníssono, mostrando o quanto o Priest permanece relevante para diferentes gerações. O som, aliás, estava impecável: pesado, limpo e muito bem balanceado.
“Rapid Fire” manteve o ritmo acelerado, e na clássica “Breaking the Law”, a emoção foi tanta que o estádio parecia tremer com o coro ensurdecedor dos fãs. Halford, sempre econômico nas palavras, mas certeiro, agradecia entre uma música e outra com seu tradicional “Thank you, São Paulo!”.
O momento em que Rob Halford subiu em sua famosa Harley-Davidson para “Hell Bent for Leather” foi um dos mais esperados da noite, arrancando gritos de todas as arquibancadas e pista. Mas antes disso, tivemos uma sequência de tirar o fôlego: “Riding on the Wind”, “Love Bites”, “Devil’s Child” e a nova “Crown of Horns”, todas muito bem recebidas, provando que o público já abraçou o novo repertório da banda.
Quando “Sinner” ecoou pelas caixas de som, foi possível ver rodas de mosh pits se formando no meio da pista, enquanto o solo de guitarra de Richie Faulkner mostrava porque ele é considerado um dos grandes nomes do Heavy Metal moderno. A entrada de “Turbo Lover” trouxe uma vibe diferente, mais dançante e atmosférica, com o Allianz se iluminando em flashes de celulares.
“Invincible Shield”, faixa-título do novo álbum, foi outro grande destaque, com Halford brincando com o público durante o refrão, incentivando todos a cantarem. Um detalhe bonito: durante essa música, imagens de escudos brilhantes se projetavam no telão, em alusão ao novo trabalho.
Os momentos mais emocionantes vieram com as clássicas “Victim of Changes” — onde Halford mostrou todo seu alcance vocal, especialmente no final com aquele grito que parece cortar o ar — e com o poderoso cover de “The Green Manalishi (With the Two Prong Crown)”, que já virou praticamente “música da casa” para os fãs da banda.
A reta final foi apoteótica. “Painkiller” chegou como uma avalanche, com Scott Travis destruindo na bateria principalmente na introdução e Halford despejando suas linhas vocais como se tivesse 30 anos. E quando os primeiros acordes de “The Hellion/Electric Eye” soaram, o público simplesmente enlouqueceu. A atmosfera era de comunhão absoluta, todos cantando cada verso, pulando e celebrando o heavy metal em sua essência.
Após o rugido das motos e gritos de “Judas! Judas!”, veio o tradicional momento de “Hell Bent for Leather”, com Halford empunhando sua jaqueta de couro como uma bandeira. E como manda a tradição, o encerramento foi com “Living After Midnight”, hino absoluto que fez o Allianz inteiro cantar, dançar e se abraçar em um verdadeiro momento de celebração coletiva.
Judas Priest provou, mais uma vez, que não importa o tempo, pois eles são, e sempre serão, um dos pilares do Heavy Metal. Uma apresentação impecável, poderosa e carregada de história — exatamente o que se espera de uma instituição como o Priest.
Setlist completo:
- Panic Attack
- You’ve Got Another Thing Comin’
- Rapid Fire
- Breaking the Law
- Riding on the Wind
- Love Bites
- Devil’s Child
- Crown of Horns
- Sinner
- Turbo Lover
- Invincible Shield
- Victim of Changes
- The Green Manalishi (With the Two Prong Crown) (cover do Fleetwood Mac)
- Painkiller
- The Hellion/Electric Eye
- Hell Bent for Leather
- Living After Midnight
Scorpions – Chuva, trovões e um clássico encontro com a história
Nem a garoa paulista conseguiu apagar o furacão chamado Scorpions no Allianz Parque.
Início do show: 21h25
Fechando o histórico Monsters of Rock 2025, o Scorpions mostrou, mais uma vez, porque é uma das maiores instituições do Rock mundial. Sob uma fina garoa que caía sobre o Allianz Parque, a banda alemã entregou uma apresentação emocionante, cheia de peso, emoção e, claro, muitos clássicos.
A noite começou de maneira cinematográfica: efeitos de trovões ecoaram pelos alto-falantes enquanto imagens contando a história da banda eram projetadas no telão. A coincidência com a chuva real que caía em São Paulo naquele momento só deixou tudo ainda mais mágico e simbólico. Era o tipo de detalhe que parece até ensaiado, mas que só a força da natureza poderia proporcionar.
Abrindo o show com “Gas in the Tank”, do álbum mais recente, Rock Believer (2022), o Scorpions provou que não vive apenas de passado. A nova fase foi muito bem recebida pela plateia, que respondeu com entusiasmo logo nos primeiros acordes. “Make It Real” e “The Zoo” vieram em seguida, trazendo a energia dos anos 80 de volta ao estádio e mostrando que a química entre Klaus Meine, Rudolf Schenker e Matthias Jabs continua intacta, mesmo com o passar das décadas.
“Coast to Coast”, instrumental clássico, foi o momento perfeito para a banda dar espaço aos riffs e solos inspirados, com destaque para Matthias, que parecia se divertir como um garoto no palco. Logo depois, “Seventh Sun”, outra representante do álbum Rock Believer, provou que o novo material se encaixa perfeitamente ao vivo, mantendo a vibração lá no alto.
A sequência com “Peacemaker” e “Bad Boys Running Wild” foi um verdadeiro petardo, levando a plateia a novos momentos de euforia. Um dos destaques da noite foi o solo de guitarra intitulado “Delicate Dance”, onde Schenker e Jabs mostraram toda a classe que só anos de estrada podem proporcionar.
Quando Klaus Meine anunciou “Send Me an Angel”, o Allianz se transformou em um mar de luzes, com celulares acesos e muitos fãs emocionados cantando cada palavra. O ápice sentimental da noite veio em seguida com “Wind of Change”, com Klaus dedicando a música à paz mundial, em especial ao povo ucraniano — uma fala que foi recebida com aplausos calorosos e gritos de apoio.
O clima subiu novamente com “Tease Me Please Me”, que trouxe o espírito festivo de volta, seguida pela poderosa “Rock Believer”, que reforçou que o Scorpions ainda tem muito a dizer — e a gritar — para as novas gerações. Depois, foi a vez de Mikkey Dee, baterista veterano do Motörhead e atual dono das baquetas da banda alemã, brilhar sozinho em um solo vigoroso batizado de “New Vision”.
A reta final do show foi uma verdadeira aula de como se faz um encerramento de festival. “Blackout” chegou como um soco no estômago, com Schenker girando sua Flying V e Klaus agitando a bandeira brasileira, para delírio da plateia. “Big City Nights” fez todo o Allianz cantar em coro, num daqueles momentos que ficam gravados na memória.
Depois de uma breve saída do palco, o bis começou com a delicadeza e potência de “Still Loving You”, onde muitos fãs se emocionaram novamente, e fechou com o hino definitivo da banda: “Rock You Like a Hurricane”. Uma explosão de riffs, vozes e felicidade tomou conta do Allianz Parque, selando uma noite histórica.
Mesmo com o passar dos anos, e enfrentando os desafios naturais do tempo, o Scorpions provou que ainda é capaz de comandar palcos imensos com uma autoridade poucas vezes vista. Um encerramento digno para os 30 anos de Monsters of Rock e uma celebração à altura da carreira impecável dessa lenda viva.
Setlist – Scorpions no Monsters of Rock 2025:
- Gas in the Tank
- Make It Real
- The Zoo
- Coast to Coast
- Seventh Sun
- Peacemaker
- Bad Boys Running Wild
- Delicate Dance (solo de guitarra)
- Send Me an Angel
- Wind of Change
- Tease Me Please Me
- Rock Believer
- New Vision (solo de bateria)
- Blackout
- Big City Nights
Bis: 16. Still Loving You
17. Rock You Like a Hurricane
Deixo os agradecimentos à Mercury Concerts e à Catto Comunicação pelo credenciamento do evento.